Eis que, subitamente todos parecem preocupadíssimos com o rápido aquecimento global e as consequentes alterações climáticas, mas será que ainda vamos a tempo.
Provavelmente não porque ao longo das últimas décadas existiram muitas preocupações mas pouca ação.
O Planeta terra tem 4.600 milhões de anos, um intervalo de tempo inconcebível para qualquer ser humano mas, se condensarmos esse intervalo de tempo num conceito compreensível, podemos comparar a Terra a uma pessoa de 46 anos de idade onde nada se sabe sobre os primeiros 7 anos de vida, existindo apenas informações vagas 35 anos intermediários e somente aos 42 anos a terra começou a florescer.
Os dinossauros e os grandes répteis não apareceram até um ano atrás, quando o planeta tinha 45 anos. Os mamíferos chegaram há 8 meses; no meio da semana passada, começou a evolução humana e, e no fim-de-semana passado a última era glacial envolveu a Terra.
Os humanos modernos existem apenas há pouco mais de 4 horas. Durante a última hora, descobrimos a agricultura. A revolução industrial começou há 1 minuto. Durante estes sessenta segundos de tempo biológico, os humanos transformaram um Paraíso numa autêntica lixeira.
Multiplicaram-se em enormes proporções como se tratasse de uma praga, causaram a extinção de mais de 500 espécies de animais, saquearam o planeta em busca de combustíveis e agora apresentam-se como uma criança, regozijando-se com a ascensão meteórica à ascendência, à beira de uma guerra para acabar com todas as guerras e efetivamente destruindo este oásis de vida no sistema solar.
Os políticos terão que fazer muito mais para além de fazerem com que cada um de nós se sinta a pior pessoa do mundo sempre que põe o motor do carro a trabalhar, mesmo sabendo que muitos não têm outra alternativa para se deslocar, ou criarem constantes taxas e impostos em nome da proteção do ambiente.
Recordo-me há uns anos um primeiro-ministro português justificar o aumento dos combustíveis com uma frase do género “querem poupar nos combustíveis, andem de autocarro”, uma célebre afirmação que revela o desconhecimento total da realidade de um país onde apenas os grandes centros urbanos dispõem de transportes públicos regulares ao longo de 24 horas.
Depois há ainda a gestão de resíduos que deixa muito a desejar, onde muitas das empresas gestoras parecem ter poucos meios para fazer e dita recolha e gestão.
Ao mesmo tempo que sensibilizam a sociedade para o uso de energias alternativas, tentam impingir o consumo de vários produtos tecnológicos e outros com cada vez menos tempo de vida. Por exemplo os computadores de secretária cujo tempo de vida é pelo menos 10 anos são cada vez mais raros no mercado, dando lugar a imensas máquinas cujo tempo de vida dificilmente ultrapassa os 3 anos. Será que o processo de fabrico dos segundos é mais benéfico para o ambiente???
Há ainda os Smartphones, verdadeira revolução tecnológica cujo processo de marketing eficaz faz com que muitos sintam a necessidade de trocar todos os anos um equipamento que dura vários anos em perfeitas condições desde que tenha uma manutenção cuidada e desde que o utilizador não instale apps para tudo e mais alguma coisa, afinal a maioria dos sites estão otimizados com versões mobile. Se trocarmos de smartphone todos os anos para onde é que vão os equipamentos usados?
A substituição dos veículos automóveis de combustíveis fósseis por veículos elétricos é outra das missões praticamente impossíveis.
Pensei seriamente em faze-lo no entanto, se já me questionava relativamente à duração das baterias e o destino dado às mesmas em fim de vida, assim como a autonomia dos veículos elétricos, tempo de carga e de viagens, quando soube que a poluição gerada no fabrico da bateria de um carro elétrico é equivalente a 8 anos de poluição de um veículo normal…. O melhor mesmo e manter a opção inicial, fazer uma boa manutenção e planear bem as viagens de modo a gastar o mínimo de combustível e poluir o mínimo.
Mas enquanto eu e certamente muitas outras pessoas fazem os possíveis para reduzir ao máximo o impacte negativo da atividade diária no ambiente outros há que promovem viagens turísticas ao espaço, como se tais viagens não poluíssem nada.
Com a consciencialização ambiental surgiu também o conceito de sustentabilidade, um princípio segundo o qual o uso dos recursos naturais para a satisfação das necessidades presentes não pode comprometer a satisfação de necessidades de gerações futuras – Será que existe alguma atividade dita sustentável que não comprometa o futuro??.
Infelizmente a triste realidade é que existem imensas atividades ditas sustentáveis que não têm nada de sustentável. Ao longo de várias viagens pelo mundo nunca vi ao vivo verdadeiros desastres ecológicos mas já estive em praias mundialmente famosas com areais repletos de plástico e lixo, parques nacionais e ilhas em parques nacionais de sonho mas com autênticos aterros de lixo no seu interior. A triste realidade é que onde haja presença humana existe sempre algo que coloca em causa o ambiente, é simplesmente inevitável.